Era o fim do dia. Eu estava satisfeita e por mim ficava por Setúbal a jantar peixe fresco. Tu querias conhecer mais e convenceste-me a ir até Palmela. É perto, dizias tu. E foi. Não tem nada a não ser um castelo, dizia eu. E foi isso mesmo. Mas nesse castelo havia um gato pequeno abandonado ou perdido que podia ter morrido debaixo das rodas de um carro se não gritasses para o condutor parar. Nesse castelo havia um casal que tinha ficado preso nas muralhas se não tivéssemos ido informar-nos sobre como poderiam sair sem usar a porta por onde tinham entrado e que entretanto tinha sido fechada a cadeado.



Nesse castelo encontrámos a Tasca Bobo da Corte onde entrámos para nos refugiar do vento do início de noite quando o sol deixa de nos aquecer a pele. Nessa altura eu já tinha partilhado contigo que se nos agradasse o cardápio podíamos ficar por ali a petiscar uns tapas. Tinhas concordado que sim, podia ser. Acabámos mesmo por ficar e rapidamente me esqueci da ideia de jantar peixe fresco em Setúbal. Eu também não gosto muito de peixe! Ali, na tasca, fomos logo tratados por tu e recebidos como se lá fôssemos todos os dias. Eu gostei, tu não és dado a grandes intimidades e deliraste menos com a informalidade mas sei que adoraste a comida e o ambiente. Nesse castelo vimos o pôr-do-sol mais lindo dos últimos tempos e abraçaste-me enquanto víamos Setúbal lá ao longe e Tróia também, quieta no seu pedaço de terra plantado junto a uma imensidão de água.

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