A vida segue o seu curso normal. Nós estamos bem. Parecemos bem. Só que não! Há uma sombra a pairar na família e uma preocupação do tamanho dos nossos corações. Os sorrisos não são verdadeiros sorrisos e não nos entregamos a nada por completo. Sinto que estamos suspensos à espera do desenrolar da vida boa ou cruel, nua e crua, tal como ela é. Não falamos disso. Estamos bem. Só que não, não estamos e cada um de nós tenta, dentro de si, encontrar os melhores recursos para lidar com isto. Parecemos bem por ele. Porque tem que ser forte, muito mais do que nós que sofremos numa distância de meros espectadores preocupados, procurando dar-lhe pequenos consolos de ternura.

A vida é dele e, apesar de ser a pessoa mais resmungona e orgulhosa que conhecemos, tem também o melhor, que nos faz gostá-lo como daqui até à lua. As nossas vidas cruzam-se porque estamos ligados pelos laços de sangue e afecto. O que nos consola é esta certeza, a de que existimos enquanto família. Assim sendo, sofremos juntos, lutamos juntos e gargalhamos da vida, se estamos bem. Um dia vamos gargalhar disto também. Hoje ainda não é esse dia. Hoje ainda tem maior peso a certeza das incertezas do amanhã, onde sobrevivem as esperanças de que tudo se resolverá. Hoje os sorrisos não são verdadeiros sorrisos, mas vão voltar a sê-lo. Resta-nos ter um pouco de paciência.  

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