O que devemos fazer se tivermos uma amiga que nos é muito querida e está entregue ao mundo e a si mesma, num desafio muito pessoal? Uma amiga que sabemos que vai estar longe por anos, e incontactável por qualquer outro meio, que não seja por carta. Uma amiga daquelas para a vida, das que estão umas vezes perto e outras muito longe, mas que sabemos que, independentemente do que for, estão, inexplicavelmente, sempre connosco. Uma amiga disléxica, e que terá muita dificuldade em ler as nossas cartas, se seguirem repletas de palavras. Alguém que sabemos que temos que respeitar escrevendo-lhe apenas o essencial, deixando, talvez, tanto por dizer.

Uma pessoa com quem se tecem reflexões muito profundas sobre a existência e sobre a vida, trazendo-nos uma sensação boa de equilíbrio e sensatez, e que, por isso, nos vai fazer muita falta. Alguém que nos faz acreditar nas coisas boas e nas pessoas que valem a pena. Uma amiga, numa amizade onde sabemos que nunca, jamais, em tempo algum, haverá lugar a qualquer tipo de julgamentos. Uma amiga a quem gostávamos, efetivamente, de poder escrever com alguma regularidade, mais palavras do que aquelas que vão, realmente, acontecer. Uma amiga, numa amizade onde sabemos que vale a pena demorar o tempo de uma vida.

Perante esse cenário, hipotético, o que faríamos? Poderíamos, talvez, escrever-lhe cartas que ela nunca vai ler? Cartas deixadas, quem sabe, numa gaveta, nas entrelinhas das outras que vão, efetivamente, chegar-lhe? Cartas que serão menos simples e sintéticas do que as que sabemos que podemos enviar-lhe? Poderíamos, sim, fazer isso. Mas... e se não fizermos só isso? E se decidirmos partilhá-las e lançá-las ao vento, para quem as quiser ler? Talvez ela as leia também, um dia, porque afinal são cartas que não poderíamos deixar de lhe escrever!

Por isso, querida Clara, vou escrever-te tantas vezes quanto me apetecer e enquanto me fizer sentido. Vou escrever-te, possivelmente sobre tudo, e em algumas vezes sobre o seu oposto, nada! Vou escrever-te, e estou neste mesmo momento a desafiar a blogosfera a juntar-se a mim e a escrever-te também! E agora deves estar tu a perguntar-te, e bem, como é que isso se se vai processar. 

É fácil, e resume-se a apenas três passos:

  1. Basta que alguém, ao tomar conhecimento do desafio, decida escrever-te cartas, ou, quem sabe, uma carta apenas.
  2. De cada vez que publicar no seu blogue uma carta a ti, essa pessoa deverá enviar-me, por e-mail (rainingdaysandmondays@gmail.com), o link para a sua carta/publicação;
  3. Eu tratarei de, na próxima vez que publicar uma carta a ti (tenciono fazê-lo no mínimo com a regularidade de uma vez por mês), partilhar o link que me foi enviado, para que outras pessoas possam ir lendo todas as cartas. 
Agora diz-me, Clara, parece-te complicado? O máximo que pode acontecer é ninguém aderir, mas por outro lado, e se outras pessoas aderirem? Não seria fantástico haver pessoas a escrever-te sobre tudo o que quiserem? 

Espero que gostes da ideia. Eu, pessoalmente, fiquei entusiasmada. Dê no que der, preciso de fazer isto para me sentir mais perto de ti. Mas não te preocupes, há cartas, as sintéticas, que hás-de mesmo receber. 

Beijinho grande e até breve, 
Vânia.

1 comentário

  1. Tão mas tão bom ter chegado aqui. Que saudades de escrever cartas. E que dejà vú.

    Beijinho
    The Brunette's TofuInstagram

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